Sobre a carga mental das mulheres e como tentar reduzí-la

Vocês já devem ter visto uma sequência de quadrinhos no FB, de uma ilustradora francesa, que foi traduzido por uma página brasileira e falava sobre a “Carga mental” (Veja aqui a sequência completa no site Hypeness)

Os quadrinhos retrataram a realidade de muitas mulheres que se casam, e ganham de presente o pacote “administradora do lar”, independente de seus trabalhos externos, e como essa primeira função gera um esgotamento mental imenso em todas nós mulheres. A postagem no facebook foi muito compartilhada pelo seguinte motivo: algumas mais, outras menos, mas praticamente todas as mulheres sofrem com essa carga.

O que acontece: subentende-se que a mulher é a chefe da casa, é dela a funcção de administrar tudo, e todos podem ajudar executando funções que a chefe da casa irá delegar, e como recompensa, receberão um “agradecimento” por parte da chefe por terem realizados suas tarefas corretamente.

 Seria tudo lindo se na verdade essa função de gerenciar todo o esquema de uma família não fosse a mais cansativa de todas! Se além da função de gerenciamento da casa, da maior parte do trabalho com os filhos, desde o trabalho braçal na primeira infância, até as incansáveis cobranças de tarefas dos mais crescidinhos (e hoje nem vou me aprofundar nessa parte da maternidade, que é imensa…), a mulher também não tivesse que executar diversas outras funções, muitas que ela acaba nem colocando a disposição para que seus “ajudantes” participem. 

 

E por que fazemos isso? Porque somos egoístas, egocêntricas e queremos tomar conta de tudo sozinhas?

 

Não, agimos assim porque não é fácil se livrar dessa responsabilidade toda, que está enraizada na sociedade pratriarcal, e sustentada por uma culpa que não precisaria existir. Porque agimos de acordo com o “habitual”, com o que nos foi passado como o caminho natural de que a mulher precisa ser sempre a "rainha do lar".

Mas então como se livrar dessa carga metal? 

Como já disse não é nada fácil, e conforme já escrevi num outro post aqui do blog, para que isso aconteça completamente, precisamos estar dispostas a abrir mão do controle! Abrirmos mão de sermos a chefe, as grandes delegadoras de funções, abrir mão sermos mulheres maravilhas,  super mulheres e mães, para que as coisas passem a funcionar mais como uma cooperativa, onde todos colaboram da mesma forma.

Parece utópico e impossível? Sim, e confesso que aqui em casa estamos bem longe disso, e não sei se conseguiria abrir totalmente mão desse “controle”, e de algumas coisas que eu insisto em querer fazer eu mesma, pois prefiro que sejam feitas do meu jeito (to tentando melhorar isso aos poucos rs…) Porém, depois de uma conversa que tive com meu esposo e meus filhos há um tempo, sobre como eu achava que o negócio todo estava muito mal dividido, as coisas foram melhorando gradativamente, e espero que melhorem ainda mais com os meninos crescendo e ganhando novas responsabilidades.

Penso mais uma vez que o famoso diálogo é a chave de tudo! Parece clichê, mas realmente a maioria dos problemas em família se perpetua por causa de uma estranha falta de abertura ao diálogo entre os membros. Costumamos ficar chocadas com a falta de noção alheia, com o fato de que não precisa explicar o óbvio, mas por vezes é preciso sim conversar sobre o óbvio e proporcionar uma reflexão para que o outro enxergue coisas que pareciam ser naturais, mas que na verdade não são muito justas.  Então, se você sente que o negócio tá injusto e mal dividido, seja nas tarefas da casa, trabalho com os filhos, ou no gerenciamento de tudo, explique isso claramente e pacientemente (respira…) para que todos na sua casa compreendam e juntos busquem uma reformulação dos esquemas. Fale sobre todo esgotamento mental que você sente. Sendo a terceirização das funções uma possível solução ou não, isso é um combinado a se tratar, mas é importante que tudo seja claro, e todos estejam de acordo.

Claro que considero que infelizmente o cenário para mulheres de classes mais baixas seja bem diferente, que essa luta seja algo bem mais complicado do que relatei aqui, e esse diálogo que propus seja algo muito mais inviável. E talvez ainda estejamos longe de um cenário perfeito onde as mulheres não precisem ser sobrecarregadas com tarefas que poderiam ser divididas, por isso é importantíssimo educar nossos meninos e meninas para o futuro, para vivermos melhor em família agora, e para que as futuras mulheres vivam melhores também.

E sempre que escrevo esse tipo de texto penso muito mães amigas mães solos, que suportam essa carga mental em tamanhos muito maiores, e o que me vem a cabeça é sempre oferecer ajuda e dizer: estamos juntas para o que precisarem!

Foto da ilustradora Emma, tradução Bandeira Negra

4 comentários em “Sobre a carga mental das mulheres e como tentar reduzí-la

  1. Adorei ! É verdade eu também me vejo no controle de tudo e não é fácil, mas cada ano que passa vou tentando delegar tarefas a todos kkkkk. 

    Mas não é fácil, principalmente se a pessoa for ativa como eu, que não consegue sentar e relaxar um pouquinho. Ta sempre procurando uma poeira ou um sujeirinha para limpar, mas melhorei muito depois que eu me infiltrei em fazer artesanatos. 

     Vamos tentando esvaziar um pouco e distribuir as tarefas para assim até podermos ficar mais leves…esse tal de ter o controle de tudo acaba com a gente aff….

     

    Super bjs 

  2. “a maioria dos problemas em família se perpetua por causa de uma estranha falta de abertura ao diálogo entre os membros. ” SIM SIM SIMM!!!!!

    Aqui em casa eu converso e mando e quero ajuda sim, mas ainda entendo que muito é minha mania de fazer tudo.

Deixe um comentário