Você pode ter observado aquelas crianças da série Stranger Things (quem não assistiu ainda, vale muito a pena, tem no Netflix), e pensado: “Caramba, que liberdade mais surreal a dessas crianças, e que pais mais omissos!”
Mas acredite, a minha infância foi bem parecida com a deles, também nos anos 80 (sim, to veia), numa cidade pequena, e meus pais estavam longe de serem displicentes.
A gente brincava na rua, muitas vezes até de noite, de taco (ou bétsi), brincadeiras inventadas que se perpetuaram por gerações, tinha até brincadeira do copo, de noite em baixo do poste (depois minha avó que era espírita descobriu e ficou muito brava, e com razão). Já adolescente, teve uma época que combinávamos de nos encontrar no cemitério para contar histórias misteriosas. A gente aprontava mesmo, eram aventuras diárias, buscas por experiências novas, exotéricas, emocionantes e curiosas, e nenhuma ausência de internet poderia limitar nossa infinita criatividade.
Desde nova, tinha a liberdade de ir e vir sozinha, a pé ou de bicicleta (ai que saudades da minha monark de cestinha), pois como eu disse, eu morava numa cidade pequena que não tinha perigo algum.
Mas hoje, tudo mudou! Sabemos bem que não podemos dar a nossos filhos a liberdade que tivemos na nossa infância. E por mais que às vezes, nosso saudosismo nos tente a querer que eles vivam as experiências maravilhosas que tivemos, sabemos que isso é hipotético, sobretudo nas grandes cidades, e que podemos oferecer-lhes apenas pequenas amostras daquilo tudo que vivemos, porque atualmente tudo é muito diferente! Não temos como não admitir que as crianças de hoje são outras, que são uma outra geração que armazenaram outros tipos de lembranças vindas de suas infâncias. A gente sempre vai lamentar esse fato, convictos de que nossa infância foi muito mais criativa, saudável, e feliz do que a deles. Mas não é bem assim, e temos primeiro que aceitar essas transformações e diferenças para lidarmos mais facilmente com essas novas crianças e os novos conflitos que as rodeiam (como esse que contei aqui)
Precisamos pensar também, que algumas dessas mudanças foram incríveis, no sentido de que: se o mundo cresceu e ficou mais perigoso, também evoluímos nas práticas de segurança, como o uso obrigatório do cinto, as cadeirinhas de carro para crianças, etc…
Aqui em casa tento reforçar que as crianças podem usufruir de todos os eletrônicos e tecnologias que sua geração lhes oferece, mas que elas precisam sempre brincar! Brincadeiras similares àquelas antigas, ou brincadeiras bem diferentes, não importa! Precisam inventar, interagir, cultivar amizades e semear suas próprias lembranças. E como serão essas lembranças? Isto, só saberemos daqui alguns anos, quando expressarem pro mundo as suas melhores memórias.
PS: Este post é uma indireta pra mim mesma, pessoa saudosista que sou e sempre fico desejando que meus filhos vivam um pouco como eu vivi minha infância rs
PS 2: A Lelê também entrou na vibe anos 80 da Stranger Things e ontem escreveu este post nostálgico delícia.
ô delicia de post!!!
mas a essência é essa: brincar é o que importa.
cada geração vai achar que a sua foi a melhor… hehe
bjs
Lele
Cynthia! Que otimo post!relembrar é viver!
Sabe de uma coisa…. Estava pensando hoje como seria na Minha época esse negócio de Pokémon go. Eu andava pela rua a tarde toda, pelo bairro inteiro não tinha o "perigo" de hoje (acho que na epoca era a pouca informação sobre a criminalidade local) . Então…. o Will esta querendo se aventurar estimulado por esse jogo e eu não deixo ele botar a cara na rua mesmo o meu desejo que ele temha a infância que tive com essa liberdade!! Que dilema!!!
E sobre essa série, é de terror? Eu assisti um pedacinho, parei por que fiquei com medo? Hahahha abraçao!