Para introduzir esse assunto, gostaria de compartilhar duas situações reais que já presenciei na vida antes de ser mãe:
- Um menino de uns 10/11 anos tinha o hábito de brincar de passar da varanda do seu apartamento para a varanda do apartamento vizinho, pulando através das grades que eram próximas, isso num andar bem alto de um prédio. Pessoas que passavam na rua viram o acontecimento e avisaram o porteiro, o porteiro também presenciou a cena algumas vezes. O pai foi avisado e disse a seguinte frase: “Não, meu filho jamais faria isso!”
- Uma menina pré-adolescente sugeriu a mãe que seu irmão poderia estar usando drogas por causa de uma conversa que ela sem querer acabou ouvindo. A mãe ficou brava com a menina e disse: “Imagina, seu irmão jamais faria isso.”
Se eu educo meu filho e transmito valores ele nunca vai cometer erros, certo?
Infelizmente não, nós pais nos sacrificamos e fazemos de tudo para darmos amor, conforto e educação aos nossos filhos, mas às vezes eles podem sim se comportarem diferente, contradizendo os valores que ensinamos em casa. E nesse caso, não seria melhor ter conhecimento da maneira que estão agindo, para poder intervir a tempo, conversar, educar, antes que seja tarde e ele se torne um adulto de caráter duvidoso?
Não seja a mãe ou o pai que não aceita que o filho erra
Adolescentes estão formandos suas identidades e muitas vezes querem se enquadrar, ou se encaixarem em determinado grupo de amigos, levando-os a expressarem comportamentos diferentes do que ensinamos, por influência de outro, ou mesmo por sua livre escolha.
Já me deparei com algumas mães que têm dificuldades de aceitar que o filho comete erros, e entendo que escutar isso de terceiros pode dar a impressão de estarem desmerecendo toda educação que damos a eles.
E muitas vezes nós também ficamos sabendo de situações que envolvem o mau comportamento de filhos de conhecidos, mas ficamos com medo de alertar os pais, com receio de uma má interpretação, e de uma intromissão desnecessária em algo que não nos diz respeito.
Essa é sempre uma situação delicada, e quando optamos por alertar os pais é preciso saber como fazer isso de uma forma suave, evitando julgamentos, demonstrando apoio e empatia.
Eu particularmente sou da opinião que, se meu filho está cometendo erros, eu gostaria sim que me avisassem para que eu possa avaliar a situação e conversar para corrigi-lo.
Entendo que é mesmo muito frustrante, pra nós pais, aceitarmos que eles cometam erros depois de todo o cansativo e estressante trabalho que é educar. Mas assim como nós cometemos erros quando éramos adolescentes, eles provavelmente também vão cometer, e são nesses erros que estarão nossa oportunidade de ensiná-los, orientá-los e explicarmos a consequência que uma escolha errada pode gerar na vida de uma pessoa.
Ainda assim, confie neles e nos valores que você transmite
Em minha opinião, mesmo diante de um mundo imperfeito, onde eles provavelmente vão se deparar com valores que não são os que ensinamos, onde terão oportunidade de fazer coisas erradas, devemos sim confiarmos na educação que damos a eles. Essa confiança claro, vai aumentando gradativamente, conforme a idade e maturidade deles. Procuro acreditar que num momento de “será mesmo que devo fazer isso?” eles terão o discernimento de fazer suas escolhas segundo os princípios que aprenderam com os pais.
O que não devemos fazer é fecharmos os olhos para os pequenos sinais. Prestar sempre atenção nas conversas de amigos, pais de amigos, e perguntar sempre sobre seu comportamento para outros adultos que convivem com nosso filho (a) quando não estamos presentes.
E termos a humildade de aceitarmos que eles podem sim errar, enquanto são crianças e adolescentes eles estão aprendendo, e é nossa função estarmos atentos para percebermos as falhas, e tentarmos orientá-los e guiá-los para o melhor caminho. Missão nada fácil essa nossa, eu bem sei.