Sobre amor, proteção, e criar filhos para o mundo

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Malas prontas para seu primeiro passeio sem a família!
Sabe aquela frase clichê que a gente solta assim que nosso primeiro filho nasce: “Agora sim eu entendi minha mãe…” Sinto em desconstruí-la, mas a verdade é que naquele momento ainda estávamos bem distantes de compreender todo amor e as angústias de nossas mães. Estávamos sim, tomadas por muito um amor imenso e pelo maior encantamento, maior plenitude e senso de proteção que já tivemos na vida. Porém, entender mesmo, a gente só entende quando aquela outra frase clichê é subitamente atirada no meio da nossa cara: Precisamos criar filhos para o mundo!
Há uma semana meu filho mais velho foi para o seu primeiro acampamento com os colegas da escola! Estava ansioso e eu contente, pois sabia o quão divertido e inesquecível aquela experiência seria para ele. Foram só 3 dias, e como confio muito no senso de responsabilidade deste meu filho, e me considero uma mãe parcialmente liberal e segura, pensei: vai ser moleza! Mas não foi tão moleza assim… Incentivei, sorri e acenei dando “tchauzinho” para o ônibus, mas por dentro latejava aquele apertozinho no peito (na verdade, penso esse aperto de angústia se localiza mais especificamente nas laterais do pescoço, concordam?)… E durante aqueles três dias, esqueci-me dele por alguns momentos, é claro, e aproveitei para dedicar um tempinho de entretenimento com meu caçula, mas a preocupaçãozinha estava sempre ao meu redor, e a noite, ah, as noites foram longas a pensar se por lá estaria tudo bem…
 Lembrei-me da minha mãe, que por diversas vezes deve ter passado por momentos parecidos, mas não deixava transparecer para não me preocupar, ou tentar impedir que eu vivesse experiências que seriam importantes na minha vida. Lembrei-me de quando ela me deixou no aeroporto quando passei um ano em intercâmbio na França, quando mesmo sem ter a certeza de que eu deveria mesmo ir ela nunca disse “não vá!” E de quando retornei, e ela não foi me buscar naquele mesmo aeroporto porque estava se recuperando de um câncer, que não haviam me contado pra que não me preocupasse enquanto estava longe… Isso me marcou muito e ficou uma feridinha lá no peito porque mesmo sem ter culpa, me senti culpada por não estar perto dela naquele comento difícil.
Preciso confessar que este post era pra ter um outro rumo, o de comparar as dificuldades de se criar os filhos para o mundo antigamente com as de hoje em dia, mas enfim, todo sentimento me levou a falar novamente sobre o amor de mãe. Sobre esta coisa doida de sorrir, acenar e limpar a lagrimazinha rapidamente, mesmo que por dentro predomine o medo,  as angústias e preocupações. Porque queremos que eles vivam experiências que os humanizem, os ensinem, os fortaleçam, os divirtam, os façam amar a vida e respeitar as pessoas, e nos ajudem a os prepararem para o mundo, mesmo não estando prontas para entregá-los a ele. Acho que quanto mais o tempo passa, mais eu entendo minha mãe, e a agradeço cada vez mais por tudo!

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