Fotos dos nossos filhos na internet. O que eles acham disto?

Foi essa reportagem “Polícia e próprio Facebook pedem que pais postem menos sobre filhos” (que a princípio parece apelativa e exagerada), que despertou em mim a vontade de escrever sobre esse assunto. Mas na verdade há tempos já refletia sobre isso, e inclusive de uns anos pra cá, mudei minha atitude em relação às fotos que posto dos meninos nas redes sociais e aqui no blog. Ultimamente tenho pedido permissão a eles: “Posso postar essa foto? “Vamos falar sobre isso, poderia ajudar ou inspirar alguém…” E é claro que já houve casos de fotos ou situações que passamos que eu pensei em compartilhar e eles não permitiram, então o “ah, o pessoal ia curtir…” teve que dar espaço ao “sim, é justo você não permitir”.
 
Aí entra aquela velha crítica em torno da vida editada nas redes sociais: “ah, mas você só mostra uma vida perfeitinha, não mostra a realidade”. Acontece que precisamos pensar que, “mostrar a realidade de uma mãe” não envolve apenas a vida da mãe, mas também a vida de uma criança, que muitas vezes não quer ter sua vida exposta.
Aquela foto da criança estendida no chão ou daquela franja cortada no toco pode ser encontrada pela criança depois de alguns anos. Ela pode achar a foto engraçada, mas ela pode também não gostar. E parece absurdo falar isso, mas dependendo do constrangimento e revolta que aquilo ocasionou ela pode inclusive querer processar os pais. Sim, é absurdo, e diante da confiança que temos no vínculo de amor pais e filhos, nunca pensaríamos nessa hipótese. Mas acontece que a reação e o sentimento que uma situação desperta em cada pessoa pode ser bem diferente.
 
Parece contraditório uma blogueira que compartilha bastante sua vida e de seus filhos abordar esse assunto, porém o intuito desde texto não é julgar e muito menos ditar regras do que pode ou não pode postar em relação aos filhos, e sim para refletirmos e praticarmos o bom senso (que também é muito relativo, eu sei rs). Sem nos esquecermos, é claro, da empatia ao outro, que obviamente não postou aquela foto imprópria para humilhar ou ridicularizar seu filho. Cabe sim alertar, de forma educada, a refletir sobre aquilo. Eu mesma já recebi alerta os quais sou muito grata, pois não tinha me atentado a hipóteses futuras daquilo que expus no momento.
 
 Em suma, continuo achando o hábito de compartilhar a maternidade e a rotina dos filhos muito bacana, e continuarei enquanto os meninos deixarem. Porém, quero continuar recebendo alertas (quando necessário), textos e reflexões em torno desse assunto. Que eles nos levem sempre a pensarmos um minutinho antes de compartilhar uma foto, e na medida da compreensão da criança, perguntemos a ela o que ela acha de dividir aquilo com o mundo.
Pois além dos perigos externos ligados a segurança em torno de uma vida exposta, tem também o lado do sentimento do envolvido, do respeito, da moral e dignidade que todo ser humano merece.
 
 PS: A Milene Massucato escreve bastante sobre segurança na Internet e há um tempo atrás fez esse post alerta que é muito bacana e vale a pena ler.
 

Um comentário em “Fotos dos nossos filhos na internet. O que eles acham disto?

  1. Nada mais justo que pedir a permissão da Criança. Quando são pequenos, nos sentimos donos de tudo que é relacionado aos nossos filhos, nos empolgados e colocamos na rede mais que devia, sem pensar que esse filho pequeno ira crescer. Ensinamos todos os dias à criança a ser responsável, ter autonomia, pensar por si só, e quando olhamos para trás, nossas atitudes demonstra tudo contraditório e educação que damos. Decidimos o que fazemos a ponto final, sem respeitar a criança como ser pensante e só como modelo fotográfico ou mais um post a ser curtido pelos outros. Reflexão sempre.

  2. Eu nunca postei, por exemplo, historias sobre desfralde ou temas íntimos. Mas contei do bullying que meu filho sofreu porque fomos entrevistados juntos para uma revista.
    Temos que medir o que é nosso e o que é do outro.
    Eu falei sobre isso num debate na Campus Party em janeiro de 2009, Cynthia, pois estava no palco com uma mãe que lançara um livro com a historia do filho que teve viuva, compilação dos posts no blog que ela mantinha para ele e eu ja avisava que os filhos iam cobrar tudo que contamos.
    Gostei disso que vc falou:
    “mostrar a realidade de uma mãe” não envolve apenas a vida da mãe, mas também a vida de uma criança, que muitas vezes não quer ter sua vida exposta.
    Hoje mesmo eu falava com uma amiga sobre isso, dizendo que não conto coisas dos meus pais também porque a vida é deles, não minha.
    Muita gente perdeu esta noção dos limites, de quando acaba a vida da gente e começa a do outro.

  3. Oi Cynthia, claro que é sempre boa reflexão falar sobre isso.. Aqui muitas vezes já peço permissão… e nem sempre Maria quer que publique… Mas pergunto… As vezes tiro e ela ja sabe que é pra postar, mas quando não quer me fala: naõ posta mamãe…e eu respeito…

    Já pensei também sobre isso, muitas vezes a gente tem o sentimento de estar "usando" o filho para esses fins… E vem uma culpazinha… mas o blog é pra eles… como fazer então… Talvez ponderar mesmo.. ir devagar..analisar…
    Como disse, vale a reflexão!

    Um beijo!

    Tê e Maria ♥

  4. Adorei o texto. Sempre me questiono neste sentido. Você disse muito bem sobre o bom senso, verdade! Só tenho grandes dúvidas sobre "pedir permissão", acho ilusório, as crianças não compreendem a dimensão da rede, da vulnerabilidade, da 'leitura', enfim … Algo a se pensar. Bjo! Amei o blog.

  5. Cínthia amei o post! Como mãe babamos e queremos muito compartilhar tudo. Faz algum tempo que parei de publicar no facebook. Criei um álbum no 23snaps e guardo lá fotos e vídeos. Quem tem acesso são meus familiares que moram longe. No Instagram uso bom senso. Hoje estive num evento materno, percebi que algumas mães quase imploram aos filhos para ficarem quietos ou sorrindo para uma foto. Triste demais!! Pedro ainda não tem a compreensão para permitir ou não. Mas penso bem antes de publicar algo.

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