QUEM SE IMPORTA

Lendo o post da Sam Shiraishi, me veio a vontade escrever esse post e abraçar esse movimento…



Nunca fui rica, filha de pai médico e mãe professora, tive uma infância boa numa cidade pequena do interior de SP, em meio a uma grande zona rural. Estudei durante todo ensino fundamental em escola pública, e foi aí então que tive noção da distância social que me separava do resto da sala. A maioria era muito carente e pegava o ônibus da prefeitura de madrugada para chegar antes das 7h, repetiam muitas vezes a sopa da merenda porque sabiam que não iam almoçar quando chegassem em casa, e é óbvio não iam nos passeios e excursões que a escola fazia. Entre as colegas, havia uma que gostava muito de mim, e um dia convidei-a para fazer um trabalho em casa. Ela ficou deslumbrada com a minha casa, que não era nenhum espetáculo, mas era muito ajeitada e organizada (mérito da minha mãe), e voltou para a escola me vangloriando, dizendo que eu era rica e tal, e que queria ser igual a mim, ter as coisas que eu tinha, etc… Aquilo me deixou muito mal, e acabei não querendo convidar mais ninguém para fazer trabalho escolar em casa. Essa fui eu criança, em meu primeiro contato com a desigualdade social, dentro do mundinho pacato e privilegiado  em que vivi.
Hoje torço para que essa menina tenha se realizado na vida, e conquistado seus sonhos. E sinto por não ter feito nada por ela, estimulado a estudar e conquistar o que queria, tentar direcioná-la e ajudá-la da forma que pudesse. Porque acredito sim, que uma geração pode mudar completamente uma condição social herdada.
Sei que a educação que recebemos é o resultado, mesmo que inconsciente, do que somos e pensamos. Mesmo pequena eu me orgulhada de ver meu pai receber verduras para pagar consultas, ou as vezes apenas um aperto de mão. E tive a sorte de encontrar um marido muito melhor do que eu, que se importa com o coletivo, que perde tempo devolvendo o carrinho de supermercado no lugar correto, que perde tempo escutando uma velhinha na rua que só quer conversar… Espero que meus filhos captem tudo isso, e cresçam com vontade de ajudar o próximo.
Agora assista o trailer desse filme que estreia hoje, pense um pouquinho na sua vida e me diga se você não se importa.


abraço e bom fim de semana a todos!

24 comentários em “QUEM SE IMPORTA

  1. Puxa vida Cy, fiquei emocionada, que bom que vc é assim, me identifiquei com as atitudes do seu marido sou um pouco assim perco tempo com coisas que o mundo inteiro não ta nem ai, e com certeza seus filhos irão captar isso, pq ensino meus filhos a não jogar nenhum papelzinho na rua,e o Bruno já captou e uma vez uma mulher jogou no chão da rua ele falou alto e bom som, olha mãe ela jogou lixo no chão!!!
    É vamos deixar filhos melhor para o mundo ficar ainda melhor bjs no seu coração, adorei falar contigo p email 🙂
    Dri

  2. Puxa vida Cy, fiquei emocionada, que bom que vc é assim, me identifiquei com as atitudes do seu marido sou um pouco assim perco tempo com coisas que o mundo inteiro não ta nem ai, e com certeza seus filhos irão captar isso, pq ensino meus filhos a não jogar nenhum papelzinho na rua,e o Bruno já captou e uma vez uma mulher jogou no chão da rua ele falou alto e bom som, olha mãe ela jogou lixo no chão!!!
    É vamos deixar filhos melhor para o mundo ficar ainda melhor bjs no seu coração, adorei falar contigo p email 🙂
    Dri

  3. Puxa, que texto lindo, confesso que meus olhos se encheram de lágrimas quando cheguei à parte do seu pai aceitar "verduras ou um aperto de mão" para pagar as consultas. Que coisa mais linda é esta capacidade de ser humano e solidário!
    Fiquei emocionada de verdade com sua disposição de entrar nesta corrente do bem e divulgar o filme, agradeço com todo meu coração.

  4. Cynthia, lembrei de outra coisa parecida: quando eu entrei na primeira série (que foi a minha primeira de escola mesmo), levei uma colega nova para brincar e ela era uns dois anos mais velha, porque era "repetente". Lembro que ela adorou os brinquedos que tínhamos e veio brincar algumas vezes, o que me fez ficar muito contente… até que ela procurou minha mãe pedindo "emprego de babá" para poder continuar indo na nossa casa porque a família achava que "era perda de tempo" ela ir lá todo dia! Neste dia para mim ficou claro que as crianças não eram todas "crianças" como eu e suas obrigações podiam ser imensas e pesadas!
    Acho que até hoje "milito" por uma infância mais livre por conta destas histórias que me partiram o coração.

  5. Cynthia, lembrei de outra coisa parecida: quando eu entrei na primeira série (que foi a minha primeira de escola mesmo), levei uma colega nova para brincar e ela era uns dois anos mais velha, porque era "repetente". Lembro que ela adorou os brinquedos que tínhamos e veio brincar algumas vezes, o que me fez ficar muito contente… até que ela procurou minha mãe pedindo "emprego de babá" para poder continuar indo na nossa casa porque a família achava que "era perda de tempo" ela ir lá todo dia! Neste dia para mim ficou claro que as crianças não eram todas "crianças" como eu e suas obrigações podiam ser imensas e pesadas!
    Acho que até hoje "milito" por uma infância mais livre por conta destas histórias que me partiram o coração.

  6. Querida Cynthia!
    Realmente é impossível a gente não se emocionar com este teu sensível e terno texto de hoje, tão sincero,bonito e tão humano (no melhor sentido desta palavra)… Um testemunho singelo, e ao mesmo tempo, profundo da nossa realidade tão contraditória. É verdade,minha doce amiga, vivemos,infelizmente, num mundo imerso em muitos problemas sociais, frutos na sua essência, do egoísmo e da sede de poder de tantos seres humanos. E neste nosso universo contraditório, de tantas diferenças sócio-econômicas, acabamos muitas vezes frustrados e prisioneiros de um sistema social cruel e egoísta.
    Mas graças à Deus, sempre existiram,existem e existirão pessoas muito especiais, cujos espíritos iluminados, enxergam muito além da crua realidade, vislumbrando possibilidades no caos, beleza na aparente destruição e esperança no desalento. E são essas lindas pessoas ,muitas vezes passageiros anônimos da existência, nos seus pequenos gestos humanitários do seu cotidiano, que fazem o mundo ir à frente e trazem um novo rumo para muitas almas sofridas, que se perderam no caminho… Verdadeiros mensageiros de vida e esperança,que Deus coloca neste nosso mundo.
    Por isso,minha querida, sempre que podemos, devemos nos inspirar nas vidas e gestos dessas pessoas tão especiais. E mesmo que seja em pequeninos detalhes, devemos fazer a nossa parte, rumo ao caminho melhor, de mais carinho , solidariedade e amor,nesta nossa grande jornada por este planeta tão lindo e especial. Que Deus abençoe à todos e nos ajude sempre nesta longa e icrível caminhada!
    Beijos pra ti, querida amiga, e parabéns pelo genuíno e belo post!
    Teresa

  7. Me emocionei! Também me importo! Tomara que vire um movimento e que realmente seja importante. Acho que este movimento começa assim, nas pequenas atitudes como a do seu marido… se partirmos sempre do ponto que não estamos sozinhos no mundo, conseguimos pensar em respeito! bjs, querida

  8. Me emocionei! Também me importo! Tomara que vire um movimento e que realmente seja importante. Acho que este movimento começa assim, nas pequenas atitudes como a do seu marido… se partirmos sempre do ponto que não estamos sozinhos no mundo, conseguimos pensar em respeito! bjs, querida

  9. Olá, adorei o trailer bem legal, achei o post meio eu também,eu faço a minha parte, tento escutar as pessoas que precisam de atenção como o seu marido faz, ajudo a subir escada, atravessar rua,achar um endereço até a ler um resultado de exame e ver se está certo o nome quando eu vou ao hospital, vou pedir informação pra pessoa não precisar se levantar, ensino as minhas meninas a não jogar lixo no chão, etc…
    Na minha infância eu era bem comunicativa, morava em uma vila onde quase todos eram meio que abastados, mas sempre tem aquele que ou tem mais ou acha que é melhor que o outro, eu era filha única então tinha um quarto na casa cheio de brinquedos, mas nem por isso eu me achava melhor que ninguém, as meninas adoravam ir pra minha casa pra brincar, mas eu preferia brincar na vila . Hoje em dia temos uma condição melhor e eu tento dar as minhas filhas as mesmas coisas que eu tive , brinquedos, oportunidade de brincar, passear e ser criança pois eu fui criança. Ensino elas a não mentir dizendo que tem isso ou aquilo (criança tem disso, adulto também vai) e digo que o fato de elas terem uma coisa que os outros não tem não é motivo para se acharem melhor que ninguém porque pra mim criança é tudo igual.O fato que aconteceu com você em chamar uma amiguinha da escola pra estudar, aconteceu aqui com a minha filha , ela chamou uma amiguinha pra fazer o dever de casa (com o feriadão da Semana Santa foram muitos) e as primeiras palavras da menina quando chegou foi"nooossa você tem tudo Malu !" eu fique hiper sem graça, pelo que a mãe dela fala na porta da escola ela é quem deveria ter tudo( desse jeito a mãe ensina os filhos a mentir) e ela desmentiu a mãe dela aqui em casa (ela conversando com as minhas filhas e eu como mãe prestando atenção e ajudando no dever quando me chamavam) e a mãe tá meio sem jeito de conversar comigo pois a menina deve ter contado como é a casa da Malu (acho isso uma bobagem), a menina gostou tanto aqui de casa que ligou pro pai e perguntou se podia ficar aqui em casa para ver Rebeldes na tv da sala da Malu ( eu sempre perco minha tv, mesmo a delas sendo de 32" ) e quando eu fui levar ela pra casa ela foi dizendo que adorou a minha casa , que lá tem tudo e ela achou bem legal e se podia ir lá novamente, eu disse que ela poderia ir sim que era só ela marcar com a Malu ( acho que a mãe dela não vai deixar mas…) e quando chegou a segunda-feira ela disse na sala que foi na casa da Malu , que a Malu tem isso tem aquilo, que a casa dela é assim e tem uma menina lá metida a rica ( a Malu acha a atitude dela de se achar melhor que os outros "um saco" ) falou :" eu hein Malu você nunca falou que tinha essas coisas ou que a sua casa era assim" a resposta dela : " eu gosto de ter amigo e não de ficar falando na cara das pessoas que eu tenho as coisas e que elas não ,isso é feio e a minha mãe não ia gostar que eu falasse isso" a mãe no caso eu "Lu você disse isso ? ainda bem que você sabe que eu não ia gostar que você se desfizesse de alguém , tô orgulhosa , parabéns meu amor". Minhas coisas (lindas) sabem que elas só são melhores(igualmente é claro) que outras crianças quando o assunto é o lugar no coração da mamãe, que no mais elas são crianças como as outras e devem se preocupar em estudar, arrumar o quarto (são as responsabilidades delas) e brincar pois ser criança é muito bom. É assim mesmo toda vez que vem uma criança aqui é essa festa e depois os comentários me deixam meio chateada , mas eu adoro criança e adoro receber visitas delas, hoje em dia não dá pra brincar na rua então prefiro que brinque aqui mesmo.
    Beijos no coração e até breve !
    Vanessa

  10. Já te ouvi falando sobre isso, mas mesmo assim lendo seu post hoje chorei…. toca fundo na gente né Cy!!!….aí penso que muitas vezes vivemos em nosso aquário, sempre preocupados com as nossas vidas, com as nossas causas e esquecemos de olhar que fora dele tem muita gente com necessidade básica, e que algumas pessoas que só podem ser anjos na terra pois abdicam da própria vida para fazer o outro feliz, ou pelo menos capaz de viver com mais dignidade. Peço a Deus todos os dias para quando esse bebê nascer e eu me tornar uma mãe e o João um pai sejamos capazes de ensinar sobre isso que vc falou no post…ajuda e respeito ao próximo, ao ser vivo, ao ambiente…para ele se tornar um ser humano mais consciente e melhor….
    Beijo e ótimo fim de semana pro cê querida!

  11. Cy, lindo texto, acho que todas nós passamos por algo parecido, na nossa época de escola a maioria estudava em escolas do estado, era normal, hoje é absurdo, eu só percebia a diferença social quando uma amiga me visitava e ficava encantada com as bonecas, eu também não tinha luxo, era tudo absolutamente normal, mas lembro de dar minhas bonecas para amigas que não tinham. Eu me importo, temos que fazer o bem sem olhar a quem, pode ser seu vizinho, um estranho na rua, o importante é começar perto de você para que isso cresça na medida do possível e seja contagiante.
    beijo

    Mari

  12. Cy, lindo texto, acho que todas nós passamos por algo parecido, na nossa época de escola a maioria estudava em escolas do estado, era normal, hoje é absurdo, eu só percebia a diferença social quando uma amiga me visitava e ficava encantada com as bonecas, eu também não tinha luxo, era tudo absolutamente normal, mas lembro de dar minhas bonecas para amigas que não tinham. Eu me importo, temos que fazer o bem sem olhar a quem, pode ser seu vizinho, um estranho na rua, o importante é começar perto de você para que isso cresça na medida do possível e seja contagiante.
    beijo

    Mari

  13. Eu cresci com essa conciência, como a maioria da nossa geração, eu acho. Sei que meu filho mais velho já entendeu esses dois mundos, assim como já entendeu que precisa batalhar para ter seus sonhos realizados, com justiça e honestidade.
    O mais novo, parece ainda não ter isso tão definido, só que por uma causa muito especial: ele convive com crianças de todos os níveis e frequenta todos os ambientes sem "perceber" essa diferença. Para ele, é tudo muito igual. Colegas são colegas, campo de futebol é campo de futebol, independente de qualquer coisa. E quando algo não serve mais para ele, apenas me comunica que está "passando pra frente", e vai para as mãos de algum colega.
    Acho que eles estão no caminho certo.
    Agora, numa questão mundial, a coisa é complicada, porque as mazelas são muito mais doídas que as de perto do nosso "mundinho", e aí, a coisa pega. Por mais que tentemos fazer um trabalho social, e muitas vezes ele faz a diferença, sempre há muito, muito por fazer, e a sensação é a de que deveríamos ter feito ainda muito mais.
    Então, como não dá pra mudar o mundo, já seria muito bom se cada um tratasse o seu próximo como gostaria de ser tratado. Porque tudo se resume nisso. Basta se colocar no lugar do outro e fazer o que precisa ser feito: seja um prato de comida, um cobertor, um livro, um calçado, ou mesmo cinco minutos de conversa.
    Parabéns pelo post! É fundamental parar para pensar nisso,
    Beijos

  14. Eu cresci com essa conciência, como a maioria da nossa geração, eu acho. Sei que meu filho mais velho já entendeu esses dois mundos, assim como já entendeu que precisa batalhar para ter seus sonhos realizados, com justiça e honestidade.
    O mais novo, parece ainda não ter isso tão definido, só que por uma causa muito especial: ele convive com crianças de todos os níveis e frequenta todos os ambientes sem "perceber" essa diferença. Para ele, é tudo muito igual. Colegas são colegas, campo de futebol é campo de futebol, independente de qualquer coisa. E quando algo não serve mais para ele, apenas me comunica que está "passando pra frente", e vai para as mãos de algum colega.
    Acho que eles estão no caminho certo.
    Agora, numa questão mundial, a coisa é complicada, porque as mazelas são muito mais doídas que as de perto do nosso "mundinho", e aí, a coisa pega. Por mais que tentemos fazer um trabalho social, e muitas vezes ele faz a diferença, sempre há muito, muito por fazer, e a sensação é a de que deveríamos ter feito ainda muito mais.
    Então, como não dá pra mudar o mundo, já seria muito bom se cada um tratasse o seu próximo como gostaria de ser tratado. Porque tudo se resume nisso. Basta se colocar no lugar do outro e fazer o que precisa ser feito: seja um prato de comida, um cobertor, um livro, um calçado, ou mesmo cinco minutos de conversa.
    Parabéns pelo post! É fundamental parar para pensar nisso,
    Beijos

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