Manhã na cidadezinha

Escrevi esse texto para você, que como eu, já teve uma cidadezinha em sua vida…

Você acordou agitava, certa de que perdeu a hora e vai pegar aquele transito para chegar ao trabalho, quando ouviu as badaladas do sino da igreja matriz e lembrou: Estou na cidadezinha!
Levaria menos de três minutos pra chegar a pé na casa da dona Lita, que vai fazer barra naquele seu vestido, que fora há tempos abandonado pela sua insensata rotina. Trocou de roupa e foi tomar café, em seguida foi alertada pela mãe sobre a brisa que dominava o lado de fora. Pensou como seria mais fácil se tivessem essas previsões sensitivas na cidade grande, pois da última vez que acreditou na engomadinha da moça do tempo tomou chuva até as canelas.
No caminho da costureira, encontrou dona Amélia que podava as rosas do jardim frontal da casa, deu um sorriso em sua direção e disse bom dia. Você retribuiu, e lembrou que há muitos anos ela não expressava essa mesma simpatia pela sua pessoa, principalmente depois do episódio em que você e duas amigas resolveram colher as rosas que extravasavam do portão daquela senhora. Mais adiante, encontrou a mãe de uma velha amiga, que agora morava na outra cidade grande, convidou-te para entrar e ver o piso novo da sala, e é claro não escapou do sacrifício de provar o doce de abóbora, que tinha acabado de sair do fogo.
Chegando finalmente na casa da dona Lita, não escapou de tomar mais um café, e pensou que essa seria uma das poucas semelhanças entre a cidadezinha e a cidade grande: todos tomam sempre muito café. Reparou no dialeto caipira, onde muitas vezes só se compreendia o último vocábulo, e lembrou que também falava assim, e por isso ouvir aquilo lhe soava como uma suave canção.
Na volta desviou o caminho propositalmente, e passou pela praça da matriz, reparou como o coreto estava mal cuidado…Lembrou-se da apresentação da banda, da estréia travada no tetro amador, da pipoca de graça, e do beijo atrás da igreja.
Quase chegando de volta, pensou no que faria pela tarde, talvez baixaria um filme, mas lembrou que nem tudo é perfeito na cidadezinha, a internet é uma jangada cruzando o pacífico, então pensaria em outra coisa. Assim, depois de 2 cafés e 2 cumbucas de doce de abóbora, finalmente voltou para seu antigo lar, onde o cheiro do frango já enfeitiçava todo quarteirão, entrou devagar e satisfeita, com a garantia de que teria uma sossegada e interminável tarde na cidadezinha…

Grande abraço!

Um comentário em “Manhã na cidadezinha

  1. Oi Cynthia, ontem conheci o seu blog, foi por um acaso, porque eu tava procurando as novidades da J Gean e acabei aqui, adorei o blog, ontem morri de rir lendo os posts antigos, quase me acabo aqui no serviço e ainda nem terminei de ler as antigas…. parabéns, abraços moça

  2. Oi Cynthia, ontem conheci o seu blog, foi por um acaso, porque eu tava procurando as novidades da J Gean e acabei aqui, adorei o blog, ontem morri de rir lendo os posts antigos, quase me acabo aqui no serviço e ainda nem terminei de ler as antigas…. parabéns, abraços moça

  3. Oi Cynthia, você descreveu meu dia a dia aqui na minha cidadezinha no interior do Ceará, ele é bem parecido,rs,inclusive a internet jangada e o beijo atrás da igreja, só faltou a prosa na calçada no fim de tarde! ahhaha
    Eu adoro essa tranquilidade, nasci e vivi em uma cidade grande (Rio de Janeiro) até meus 12 anos, mas hoje não troco isso aqui por nada!
    Amei seu post!
    bjs…

  4. Oi Cynthia, você descreveu meu dia a dia aqui na minha cidadezinha no interior do Ceará, ele é bem parecido,rs,inclusive a internet jangada e o beijo atrás da igreja, só faltou a prosa na calçada no fim de tarde! ahhaha
    Eu adoro essa tranquilidade, nasci e vivi em uma cidade grande (Rio de Janeiro) até meus 12 anos, mas hoje não troco isso aqui por nada!
    Amei seu post!
    bjs…

  5. Oi Cy!!
    Que delícia! Café e cumbuca de doce de abóbora hummm!! ainda mais quando o sabor tem gosto de lembrança! Adorei o conto..vc tinha que escrever um livro, viu!
    Grande beijo,
    Carol.

  6. Oi Cy!!
    Que delícia! Café e cumbuca de doce de abóbora hummm!! ainda mais quando o sabor tem gosto de lembrança! Adorei o conto..vc tinha que escrever um livro, viu!
    Grande beijo,
    Carol.

  7. Aff, que pauleira escrever em qualquer blog hoje, com a lerdeza que tá minha internet!! Amiga, que delicia de conto!! Nao morei numa cidade pequena, mas diria que a ipanema de 35 anos atrás, era bem diferente, que andava sozinha de bike prá tudo que é canto, que tomava sorvete na carrocinha da esquina, que ia comprar pao que vinha embrulhado em papel pardo e barbante!! Sao lembranças tao boas né?? Vc as contou lindamente!! Beijocasss sua linda Maria talentosa!!

  8. Aff, que pauleira escrever em qualquer blog hoje, com a lerdeza que tá minha internet!! Amiga, que delicia de conto!! Nao morei numa cidade pequena, mas diria que a ipanema de 35 anos atrás, era bem diferente, que andava sozinha de bike prá tudo que é canto, que tomava sorvete na carrocinha da esquina, que ia comprar pao que vinha embrulhado em papel pardo e barbante!! Sao lembranças tao boas né?? Vc as contou lindamente!! Beijocasss sua linda Maria talentosa!!

  9. Aiiii que delícia amiga!! E andar de pé no chão na rua e subir prá catar manga no pé da vizinha? Cheirinho de comida no fogão a lenha, ai eu quero vida de cidadezinha vez em quando!! Bjo querida, que já tô de saída…

  10. Aiiii que delícia amiga!! E andar de pé no chão na rua e subir prá catar manga no pé da vizinha? Cheirinho de comida no fogão a lenha, ai eu quero vida de cidadezinha vez em quando!! Bjo querida, que já tô de saída…

  11. Minha cidade era assim..cidadezinha calma ,aconchegante,onde todos se conheciam…mas o progresso chegou e agora vivo cercada de muros,alarmes e chaves…Tenho saudade deste tempo,brincava na rua até tarde, corria pela vizinhança livremente…Hoje quase nem conheço os vizinhos…que saudade da simplicidade!!Bjs querida!!

  12. Minha cidade era assim..cidadezinha calma ,aconchegante,onde todos se conheciam…mas o progresso chegou e agora vivo cercada de muros,alarmes e chaves…Tenho saudade deste tempo,brincava na rua até tarde, corria pela vizinhança livremente…Hoje quase nem conheço os vizinhos…que saudade da simplicidade!!Bjs querida!!

  13. Oi Cynthia, me senti na cidadezinha… Vida que sonho levar… Passava minhas férias no interior de São Paulo, casa de uma tia, coisa deliciosa!! Sempre quis viver esta vida, mas ainda não criei a oportunidade! rsrs
    Saio mais leve.
    Beijos.

  14. Oi Cynthia, me senti na cidadezinha… Vida que sonho levar… Passava minhas férias no interior de São Paulo, casa de uma tia, coisa deliciosa!! Sempre quis viver esta vida, mas ainda não criei a oportunidade! rsrs
    Saio mais leve.
    Beijos.

  15. Voltei no tempo!! A velha infancia, a igreja da praça, a vizinha que amava me oferecer doce, lembro com saudades desse tempo… Pena que ele não volta!

  16. Voltei no tempo!! A velha infancia, a igreja da praça, a vizinha que amava me oferecer doce, lembro com saudades desse tempo… Pena que ele não volta!

  17. Oi,Cynthia!
    Vou confessar…Sou realmente uma "carioca da gema", mas tenho uma alma de gente que mora lá longe, numa distante "cidadezinha", que fica bem lá atrás de uma serra azul…Nunca morei por lá,mas acho que isso veio no meu DNA…(Rs…) Eu até fico sorrindo quando penso nisso…Mas tenho certeza que a minha alma vem de lá…
    Por isso,querida Cynthia, me emocionei com a pureza e a beleza desse teu texto,que com certeza,vem desse teu coração amoroso, cultivado numa pequena cidade.
    Sei que muita gente se encanta com as luzes imensas das cidades grandes,mas no fundo, há muita ilusão em tudo isso…É verdade que às vezes não se tem muita escolha,e por questão das nossas próprias aspirações humanas,acabamos vivendo a vida agitada das grandes metrópoles. Mas a alma de muita gente tem sempre,bem lá no fundo, a saudade da vida simples e acolhedora que a gente ainda nem viveu…
    Lindo texto,querida Cynthia…Daqueles que nos toca o coração…

    Beijo grande pa ti!!!
    Teresa
    ("Se essa lua fosse minha")

  18. Oi,Cynthia!
    Vou confessar…Sou realmente uma "carioca da gema", mas tenho uma alma de gente que mora lá longe, numa distante "cidadezinha", que fica bem lá atrás de uma serra azul…Nunca morei por lá,mas acho que isso veio no meu DNA…(Rs…) Eu até fico sorrindo quando penso nisso…Mas tenho certeza que a minha alma vem de lá…
    Por isso,querida Cynthia, me emocionei com a pureza e a beleza desse teu texto,que com certeza,vem desse teu coração amoroso, cultivado numa pequena cidade.
    Sei que muita gente se encanta com as luzes imensas das cidades grandes,mas no fundo, há muita ilusão em tudo isso…É verdade que às vezes não se tem muita escolha,e por questão das nossas próprias aspirações humanas,acabamos vivendo a vida agitada das grandes metrópoles. Mas a alma de muita gente tem sempre,bem lá no fundo, a saudade da vida simples e acolhedora que a gente ainda nem viveu…
    Lindo texto,querida Cynthia…Daqueles que nos toca o coração…

    Beijo grande pa ti!!!
    Teresa
    ("Se essa lua fosse minha")

  19. oi cy – me leva pra ai –
    a cidade onde nasci era assim, todos se conheciam, se cumprimentavam , quando um adoecia enchia de comadres em casa, quando um de nós tres faziamos arte na rua , minha mãe era a primeira a saber e não falava- meu filho não faz isto..pelo contrário…
    agora a cidade cresceu , demais para o meu gosto – quando peguei engarrafamento em plena cidade Canoas – que era considerada roça – vi que não era mais roça –
    quando trabalhava em Porto Alegre eu que levava os chás da plantação lá de casa ,para colocar no chimarrão – oh emprego bom este- daí eu era a caipira que morava em canoas-
    agora o felipão (ex-tecnico) esta investindo em construções de prédios luxuosos, a cidade está cheia de condominios, shopping..eu nem gosto mais de ir pra lá – porque me bate uma nostalgia –
    eu quero e necessito de uma cidadezinha pequeninha , com sino batendo, com vizinha que planta rosas, ser convidada para tomar um cafezim. aqui parece pecado mortal ir na casa de uma amiga – em cidade pequena é pecado não querer entrar na casa – ai ai
    bj
    lu

  20. oi cy – me leva pra ai –
    a cidade onde nasci era assim, todos se conheciam, se cumprimentavam , quando um adoecia enchia de comadres em casa, quando um de nós tres faziamos arte na rua , minha mãe era a primeira a saber e não falava- meu filho não faz isto..pelo contrário…
    agora a cidade cresceu , demais para o meu gosto – quando peguei engarrafamento em plena cidade Canoas – que era considerada roça – vi que não era mais roça –
    quando trabalhava em Porto Alegre eu que levava os chás da plantação lá de casa ,para colocar no chimarrão – oh emprego bom este- daí eu era a caipira que morava em canoas-
    agora o felipão (ex-tecnico) esta investindo em construções de prédios luxuosos, a cidade está cheia de condominios, shopping..eu nem gosto mais de ir pra lá – porque me bate uma nostalgia –
    eu quero e necessito de uma cidadezinha pequeninha , com sino batendo, com vizinha que planta rosas, ser convidada para tomar um cafezim. aqui parece pecado mortal ir na casa de uma amiga – em cidade pequena é pecado não querer entrar na casa – ai ai
    bj
    lu

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